Troco a roupa da mesa, onde só sobraram as migalhas da última refeição feita.
Tiro a roupa do corpo, porque teu corpo o chama, também despido.
Troco a roupa da cama, molhada de suor, sêmen e lágrimas. Do antes, do durante, do depois.
Tiro a roupa de banho, encharcada da água morna com o cheiro que eu tentava me livrar, o seu.
Tiro as cortinas, troco as fotografias. Finjo que foi sonho e só.
Mas a não posso trocar a roupa da alma, não posso tirar as cicatrizes que ficam.
E não posso mais me olhar no espelho.
Eu não me vejo mais.
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